Sem saber onde vão chegar, teles focam em redes neutras para dividir investimentos

Ao discutirem a crescente adesão à ideia de “redes neutras”, operadoras de telecomunicações admitem que ainda não há muita clareza de onde esse movimento vai chegar. Há quem defenda que essa suposta neutralidade pare no poste em frente às residências, ou quem aposte que vale a pena entregar essa possibilidade até dentro das casas. Também tem quem veja espaço de diferentes níveis de serviço, ou quem entenda que o serviço precisa ser igual para todos. 

Assim apontaram empresas como Oi, TIM e American Tower ao discutir as redes neutras em debate online promovido nesta terça, 24/11, pelo portal Teletime. Em comum mesmo, a identificação de um novo veículo para dividir o peso dos investimentos em fibra óptica, atraindo fundos para compartilhar o financiamento de infraestruturas que se tornaram fundamentais para serviços fixos de banda larga, mas também em preparação ao 5G. 

“Quando se pensa em redes abertas, é compartilhamento de infraestrutura. A questão é que agora se tem a possibilidade de monetizar esse compartilhamento. Em dois terços do backbone nacional da TIM, a propriedade primária é de outra operadora. Por que construir fibra em trecho se outra operadora já possui fibra lançada? O mercado de ‘escambo’ foi o início dessa maturidade, de observar que existe ineficiência em um país que ainda tem muita necessidade de infraestrutura. E que também é possível monetizar esse veículos de infraestrutura. O que começou como redução de custo passou a ser opção de rentabilização”, apontou o diretor de tecnologia da TIM, Leonardo Capdeville. 

Como admitiu o diretor de Estratégia e Transformação da Oi, Rogério Takayanagi, o caso da tele é ainda mais evidente de solução de partilha financeira. “No caso da Oi, que está em processo de recuperação judicial, força a transformação da companhia. A empresa precisa fazer escolhas. A posse da infraestrutura era um diferencial competitivo, era uma grande alavanca. Mas assim como aconteceu com as torres, passou a ser um centro de custo que disputava recurso nas empresas. O que era vantagem, ser monolítica e multisserviços, no novo modelo passa por uma focalização muito grande. Especialmente se você tem um balanço estressado, não consegue fazer tudo. E percebemos que geraríamos mais valor com separação estrutural do que manter integrado no fixo.”

Nessa mesma linha, o diretor de estratégia e desenvolvimento de negócios da American Tower, Abel Camargo, reforça a rede neutra como uma resposta financeira. Mas com uma visão um pouco distinta por entender que o modelo exige de fato neutralidade completa, talvez mais complexa de se materializar quando ao lado das várias ‘infracos’ que vão sendo construídas permanece o desejo de ser operador de varejo. 

“Tem uma pressão sobre o balanço das empresas, a necessidade de investimento para ampliar rede de acessos a outras cidades, fora dos grandes centros, que ainda exige muito ‘capex’. Surge aí uma oportunidade para que investidores de infraestrutura olhem para esse modelo de rede aberta. Mas é muito difícil olhar investimento sobre onde se tem dúvida de como se dará o compartilhamento. O importante para o investidor de infraestrutura é a neutralidade da rede. Ela não pode depender de um cliente só, mas de dois, três, quatro, quanto mais clientes compartilhando, maior a chance de sucesso.”

Talvez por isso as grandes teles reconheçam que o destino desse movimento ainda não seja claro. Ou, como resumiu Takayanagi, “ainda não se sabe qual será o modelo vencedor. Estamos desenvolvendo diferentes modelos de negocio até para testar e ver qual será o vencedor”. 

Fonte: Convergência Digital

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